Sabe aquelas coisas que ficam peregrinando na sua cabeça até você fazer qualquer coisa com elas?
Mesmo que não tenham nada a ver com a sua vida, com aquele momento, com as milhões de outras coisas que caberiam de ser escritas em cada linha do mês de março, esse trem ficou ali me importunando.
É do cuidado que a gente precisa ter pra que as coisas não caiam
É sobre quando tudo fica tão insosso, chato e inoportuno e o ano inteiro é uma grande tarde de domingo preguiçosa e sem fim, só com a perspectiva incômoda da segunda-quase-chegada na cabeça
Ou então é muito mais besta que isso, e eu solto e vocês que se virem com ela:
Quando todo mundo começa a ficar insuportável
Deve estar na hora de checar o seu suporte! Talvez ele esteja muito fraco.
segunda-feira, 22 de março de 2010
quarta-feira, 10 de março de 2010
Só queria que você soubesse...
Infantil? Pode ser. Eu e as minhas palavras que não sabem sair pela boca e ficam escorregando pelas mãos, ficam tremendo nos dedos, loucas pra te pedir que espere, pra te dizer que eu queria um minuto, que eu queria te embrulhar paz de presente e depois ir embora e parar de incomodar de qualquer jeito que fosse. Que eu queria mesmo era te sorrir de novo, beber um suco de laranja e falar de quaisquer flores.
Eu, que também tropeço nas regras e não sei se deveria só cultuar o silêncio, eu que não passo um dia sem responder quando esse seu olhar me interroga. E que talvez tenha errado no jeito, tenha descumprido alguma promessa esquecida ou mal entendida em algum tempo bonito que ficou pra trás.
Só queria que você soubesse que eu não tô pensando em erros, que ninguém precisa medir culpas e... sabe aquele azul, aquela noite de presente, aqueles ares de suspiros? Esses eu sei onde guardo, eu sei que me guardam pro resto da vida, pelas vidas afora, que eu não sei e nem quero esquecer cada instante de um conto tão bonito. Só queria que você ouvisse que o meu filho ainda vai estudar na sua escola e aprender da sua História e dos seus sonhos coloridos de menino, das suas conquistas de guerreiro, das suas vitórias merecidas.
E que eu não tô fugindo de mim, nem de você e nem me importa nenhuma daquelas acusações assustadoras que me fizeram em verões passados. Eu não tento mais, nunca mais, acreditar na lenda do monstro, eu parei de procurar as dúvidas e escolhi outras memórias tão melhores de guardar.
Se a minha mão se soltou, não foi de birra, não foi de pirraça e eu queria tanto que você soubesse que eu te gosto, que eu me cuido e que despedida é sempre dolorido mesmo quando já passou da hora de ir. Gente que cultiva ternura comigo e entra na roda de humanizar as loucuras não me desgruda da alma nunca mais mesmo que passe. Passou. Mas não era pra ser assim e eu não sei dizer nem desdizer direito. Esquecer? Temer? Não tem nada a ver com nada disso. Só enquanto eu respirar... (é, isso vale mesmo até o tal do sempre)
Afinal de contas não é todo dia que a gente encontra quem pule apesar do medo de altura!
Eu, que também tropeço nas regras e não sei se deveria só cultuar o silêncio, eu que não passo um dia sem responder quando esse seu olhar me interroga. E que talvez tenha errado no jeito, tenha descumprido alguma promessa esquecida ou mal entendida em algum tempo bonito que ficou pra trás.
Só queria que você soubesse que eu não tô pensando em erros, que ninguém precisa medir culpas e... sabe aquele azul, aquela noite de presente, aqueles ares de suspiros? Esses eu sei onde guardo, eu sei que me guardam pro resto da vida, pelas vidas afora, que eu não sei e nem quero esquecer cada instante de um conto tão bonito. Só queria que você ouvisse que o meu filho ainda vai estudar na sua escola e aprender da sua História e dos seus sonhos coloridos de menino, das suas conquistas de guerreiro, das suas vitórias merecidas.
E que eu não tô fugindo de mim, nem de você e nem me importa nenhuma daquelas acusações assustadoras que me fizeram em verões passados. Eu não tento mais, nunca mais, acreditar na lenda do monstro, eu parei de procurar as dúvidas e escolhi outras memórias tão melhores de guardar.
Se a minha mão se soltou, não foi de birra, não foi de pirraça e eu queria tanto que você soubesse que eu te gosto, que eu me cuido e que despedida é sempre dolorido mesmo quando já passou da hora de ir. Gente que cultiva ternura comigo e entra na roda de humanizar as loucuras não me desgruda da alma nunca mais mesmo que passe. Passou. Mas não era pra ser assim e eu não sei dizer nem desdizer direito. Esquecer? Temer? Não tem nada a ver com nada disso. Só enquanto eu respirar... (é, isso vale mesmo até o tal do sempre)
Afinal de contas não é todo dia que a gente encontra quem pule apesar do medo de altura!
segunda-feira, 1 de março de 2010
Apenas por esse motivo
Outro dia ele escreveu só pra poder dormir. Hoje é pra poder respirar.
Porque no meio do caminho, a tinta espalhada no chão daria uma boa fotografia a quem soubesse ver. E o bar, e a praça e a ausência de portões que me recebe familiar apesar da distância em que meus olhos vagueiam... tudo dariam boas histórias, boas figuras, talvez. Mas provavelmente não me dariam hoje uma palavra que valha qualquer pedaço de coisa.
No meio do caminho, um ipê fora do tempo cobre o chão da minha cor preferida e o mundo de agora me abraça, me apressa pela mão, me requer aqui de corpo inteiro. Mas eu respiro um segundo e, numa frequência que nenhum outro ouvido captaria, o mundo que deveria dormir ainda me cochicha uma insônia. Não é nem muito pirracento esse meu mundo que ficou ali antes do meio, ele só... não queria dormir de novo agora, perdeu o sono.
E eu? Viva demais nessa metáfora disconexa, tentando me reconectar em algum dos lados. Eu sou uma fonte de saudades que, de um lado se sanam e d'outro se expandem. Mas isso é só até trocar de universo outra vez e inverter toda a lógica, e inventar outro jeito.
Hoje é só pra poder respirar e dar ao francês a pronúncia certa. É só um dizer de que esse ódio e esse medo não me pertencem, e de tão despertencidos eles nem me encostaram mas nunca foi feliz ver um sonhador de sorriso apagado. Pode até ajudar a lembrar que os instantes mais lindos se acabam e nem por isso perdem o encanto... Que eu vivo louca e inteira de metáforas e gargalhadas infantis, mas não sei como guarda mágoa minha nem de outro e não vou aprender agora. Pode até ser que ajude ou só piore, que reverta qualquer coisa de sagrado. Tanto faz.
Eu levei um tempo de vôo pra aprender que tem que pôr a máscara de oxigênio em você mesmo antes de ajudar
E hoje... é só pra poder respirar
Apenas por esse motivo
Porque no meio do caminho, a tinta espalhada no chão daria uma boa fotografia a quem soubesse ver. E o bar, e a praça e a ausência de portões que me recebe familiar apesar da distância em que meus olhos vagueiam... tudo dariam boas histórias, boas figuras, talvez. Mas provavelmente não me dariam hoje uma palavra que valha qualquer pedaço de coisa.
No meio do caminho, um ipê fora do tempo cobre o chão da minha cor preferida e o mundo de agora me abraça, me apressa pela mão, me requer aqui de corpo inteiro. Mas eu respiro um segundo e, numa frequência que nenhum outro ouvido captaria, o mundo que deveria dormir ainda me cochicha uma insônia. Não é nem muito pirracento esse meu mundo que ficou ali antes do meio, ele só... não queria dormir de novo agora, perdeu o sono.
E eu? Viva demais nessa metáfora disconexa, tentando me reconectar em algum dos lados. Eu sou uma fonte de saudades que, de um lado se sanam e d'outro se expandem. Mas isso é só até trocar de universo outra vez e inverter toda a lógica, e inventar outro jeito.
Hoje é só pra poder respirar e dar ao francês a pronúncia certa. É só um dizer de que esse ódio e esse medo não me pertencem, e de tão despertencidos eles nem me encostaram mas nunca foi feliz ver um sonhador de sorriso apagado. Pode até ajudar a lembrar que os instantes mais lindos se acabam e nem por isso perdem o encanto... Que eu vivo louca e inteira de metáforas e gargalhadas infantis, mas não sei como guarda mágoa minha nem de outro e não vou aprender agora. Pode até ser que ajude ou só piore, que reverta qualquer coisa de sagrado. Tanto faz.
Eu levei um tempo de vôo pra aprender que tem que pôr a máscara de oxigênio em você mesmo antes de ajudar
E hoje... é só pra poder respirar
Apenas por esse motivo
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Bordados
As linhas do vestido se enraizaram na minha pele como se proibissem o sono. Mas, na polidez da minha vontade, a paz do fim de festa se bordou de sorrisos tão coloridos que eu precisei fechar a porta. Dessa vez, sair era como um sapato preto maravilhoso... Pena que eu tava de vestido branco e que ele não combinava com a ocasião. Era uma sandália nova e confortável que eu precisava guardar no armário pra usar depois. Bem depois.
Foi só daquela vez... Deixei o branco pro vestido enquanto me subia um vermelho às bochechas. Há algumas gargalhadas que a gente simplesmente não tem o direito de interromper. Alguns pensamentos a gente congela depois do boa noite e torce pra não virarem sonho, que é pra não morrer de vontade noite adentro.
O coração em dúvida começou a não caber sob as flores, mas o pano já estava todo costurado em mim. Na verdade, era muito mais simples que isso. O grande segredo é que às vezes a gente precisa das palavras pro abraço encaixar na falta.
As linhas do vestido bordaram um trajeto bonito no meu peito, mas aquela despedida não era pra hoje. Eu engoli alguns desejos ainda sem entender e me rendi à camisola cor-de-rosa, ao seu colo que eu vinha procurando há tanto tempo.
E de repente, fez sentido. Naquela noite toda trocada, de uma hora a mais e uns violões a menos, eu tinha outra coisa pra comemorar depois de cantar parabéns. A estrada já estava começando a passear nos meus pensamentos e ainda assim, a noite não era de despedir.
Tudo muito confuso? Eu explico. Mas, se mesmo assim não der pra entender, a sua lágrima aceita o meu abraço?
Era o fim da festa, com direito a copos recolhidos e luzes apagadas. Nenhum de nós teve coragem de pedir pra sair dali porque as risadas estavam tão leves! Quem ia querer estragar a foto? Acontece que a casa adormeceu, as camas estavam prontas, à nossa espera. E eu não sabia como desgrudar o vestido do corpo. Alguma coisa em mim estava tão em festa quanto confusa e, no começo, não fez sentido. Qualquer coisa muito mais bonita que a frustração fazia o bordado se recusar a sair dali, fazia o pano roubar a minha brancura e a minha pele querer festa. Eu me conformei em guardar tudo pra outro dia, em pegar o cobertor e deitar no seu colo. Foi aí que deu pra entender.
Quando o tempo voltou uma hora pra marcar o fim do verão apesar do calor, eu achei você. E já não sei se era nesse relógio que a gente tinha se perdido, mas já sei o que merece festa. Agora eu já posso fazer as malas tranquila, que viajar no espaço nunca me tirou de perto da sua mão. Eu ainda durmo com ela me segurando tantas noites... Até porque, ninguém mais entenderia a graça de dormir de mãos dadas. Acabou o seu mistério e no meio das mil cores que estão explodindo no meu peito estão os fogos de artifício atrasados de mais um ano-novo, de mais um ano nosso. Quase não sei acreditar que você voltou junto com a hora perdida, que na verdade você tava aí o tempo todo, escondido entre os ponteiros.
Foi incrível sentir a saudade acabar de vez justo agora que eu tô pra ir embora. Eu guardei o vestido pra uma outra noite, mas você ficou bordado aqui no meu peito junto do alívio que eu tive ao te sentir de novo pertinho da minha alma. O dia ainda terminou em lágrima mas agora eu posso te ajudar a enxugar. Me desculpe por ter perdido o seu tempo e te perdido nesse tempo.
E obrigada por estar de volta.
(eu vou fazer um relógio que combina com seu anel: com tempo e asas, a gente não se perde nunca mais)
Foi só daquela vez... Deixei o branco pro vestido enquanto me subia um vermelho às bochechas. Há algumas gargalhadas que a gente simplesmente não tem o direito de interromper. Alguns pensamentos a gente congela depois do boa noite e torce pra não virarem sonho, que é pra não morrer de vontade noite adentro.
O coração em dúvida começou a não caber sob as flores, mas o pano já estava todo costurado em mim. Na verdade, era muito mais simples que isso. O grande segredo é que às vezes a gente precisa das palavras pro abraço encaixar na falta.
As linhas do vestido bordaram um trajeto bonito no meu peito, mas aquela despedida não era pra hoje. Eu engoli alguns desejos ainda sem entender e me rendi à camisola cor-de-rosa, ao seu colo que eu vinha procurando há tanto tempo.
E de repente, fez sentido. Naquela noite toda trocada, de uma hora a mais e uns violões a menos, eu tinha outra coisa pra comemorar depois de cantar parabéns. A estrada já estava começando a passear nos meus pensamentos e ainda assim, a noite não era de despedir.
Tudo muito confuso? Eu explico. Mas, se mesmo assim não der pra entender, a sua lágrima aceita o meu abraço?
Era o fim da festa, com direito a copos recolhidos e luzes apagadas. Nenhum de nós teve coragem de pedir pra sair dali porque as risadas estavam tão leves! Quem ia querer estragar a foto? Acontece que a casa adormeceu, as camas estavam prontas, à nossa espera. E eu não sabia como desgrudar o vestido do corpo. Alguma coisa em mim estava tão em festa quanto confusa e, no começo, não fez sentido. Qualquer coisa muito mais bonita que a frustração fazia o bordado se recusar a sair dali, fazia o pano roubar a minha brancura e a minha pele querer festa. Eu me conformei em guardar tudo pra outro dia, em pegar o cobertor e deitar no seu colo. Foi aí que deu pra entender.
Quando o tempo voltou uma hora pra marcar o fim do verão apesar do calor, eu achei você. E já não sei se era nesse relógio que a gente tinha se perdido, mas já sei o que merece festa. Agora eu já posso fazer as malas tranquila, que viajar no espaço nunca me tirou de perto da sua mão. Eu ainda durmo com ela me segurando tantas noites... Até porque, ninguém mais entenderia a graça de dormir de mãos dadas. Acabou o seu mistério e no meio das mil cores que estão explodindo no meu peito estão os fogos de artifício atrasados de mais um ano-novo, de mais um ano nosso. Quase não sei acreditar que você voltou junto com a hora perdida, que na verdade você tava aí o tempo todo, escondido entre os ponteiros.
Foi incrível sentir a saudade acabar de vez justo agora que eu tô pra ir embora. Eu guardei o vestido pra uma outra noite, mas você ficou bordado aqui no meu peito junto do alívio que eu tive ao te sentir de novo pertinho da minha alma. O dia ainda terminou em lágrima mas agora eu posso te ajudar a enxugar. Me desculpe por ter perdido o seu tempo e te perdido nesse tempo.
E obrigada por estar de volta.
(eu vou fazer um relógio que combina com seu anel: com tempo e asas, a gente não se perde nunca mais)
FujiFilm
Meu vazio me completa às vezes. Me completa de tal forma que eu preciso sumir. Simplismente sumir. Pra que eu possa mais uma vez voltar à mim e me dar conta de que estou presente, o mais presente possivel do que alguém pode estar.
Me completo sem me dar ao luxo do erro , pois o este me faria parar. Parar até ter que voltar de novo como volto quando fujo de mim mesmo, lembra? Pois bem. Tomo o máximo de cuidado pra nao esbarrar. E sim, minha cara, eu também esbarro. Mas é na minha ida. Na minha fuga.
"Independencia ou morte!". Que exagero...
Mau
Me completo sem me dar ao luxo do erro , pois o este me faria parar. Parar até ter que voltar de novo como volto quando fujo de mim mesmo, lembra? Pois bem. Tomo o máximo de cuidado pra nao esbarrar. E sim, minha cara, eu também esbarro. Mas é na minha ida. Na minha fuga.
"Independencia ou morte!". Que exagero...
Mau
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Que já vai fechar...
não adianta chorar.
Por um instante, eu achei que soubesse. Eu fiz as malas pra entrar no mundo real, e agora? Logo agora que eu tava aprendendo a lidar com a altura, com as bruxas e quedas... que eu ia poder brincar. Você desiste? Justo hoje que o vestido coube e eu comecei a esconder cicatrizes, você quer mudar de lado?
Eu aqui, revisando as regras e empurrando malas lotadas jogo adentro e você despindo a pele pra brincar de sentimento! Sério? Porque se for uma piada, é de péssimo gosto.
Só não vá se iludir com as pétalas do caminho, ok? Esse negócio de não ter espinhos tira um pouco a cor das rosas. Depois de um tempo no paraíso, perde a graça. E você se vê numa multidão de anjos pedindo por cinco minutos de inferno. Só pra poder pingar um pouco daquele difícil entre o olhar e o beijo. Depois de uns dias assistindo, você vai querer brincar de novo. E se aí já for tarde demais?
Espera... eu te conheço. Não é a primeira vez que a gente fica do mesmo lado da linha. Mas não atravessa ainda que é pra não machucar os pés. Depois de tanto tempo, pode doer um pouco ficar descalço. Calma! Não vem ainda pra cá que esse desencontro eu já não quero. Sei que você pulou de uma vez aí pra esse lado e nem deve mais lembrar de como é a travessia, mas eu tô passeando na fronteira há um tempo... e sabe de uma coisa? Não é tão divertido assim.
Dessa vez a restrição era menor. Podia querer bem se não fosse demais: podia até esbarrar se não durasse muito. Será que alguém mexeu nas normas? Porque eu tava pronta pra escolher a máscara quando me dei conta de que as unhas estão cortadas, quando percebi que se não fosse pra esbarrar, eu não ia nem querer tentar de novo.Eu quero a minha pele de volta, nem que seja por perto, à mão; mas eu não posso impedir essa pulsação das pontas dos dedos. Eu quero negociar e ok, nada de drama. Mas a alma não dá pra tirar do pacote.
Uma hora eu vou ter que aprender, eu vou ter que engolir essas regras e essas quebras. Mas e se a gente achasse uma ponte? Assim o conto não precisava ser tão cor-de-rosa e o real não precisava ser dessas cores opacas tão de mentira. Há de ter alguma coisa nesse meio de caminho! Não é possível que a gente tenha pra sempre que escolher entre botas e pés descalços. Ninguém aí tem um chinelo?
Dessa vez a restrição era menor. Podia querer bem se não fosse demais: podia até esbarrar se não durasse muito. Será que alguém mexeu nas normas? Porque eu tava pronta pra escolher a máscara quando me dei conta de que as unhas estão cortadas, quando percebi que se não fosse pra esbarrar, eu não ia nem querer tentar de novo.Eu quero a minha pele de volta, nem que seja por perto, à mão; mas eu não posso impedir essa pulsação das pontas dos dedos. Eu quero negociar e ok, nada de drama. Mas a alma não dá pra tirar do pacote.
Uma hora eu vou ter que aprender, eu vou ter que engolir essas regras e essas quebras. Mas e se a gente achasse uma ponte? Assim o conto não precisava ser tão cor-de-rosa e o real não precisava ser dessas cores opacas tão de mentira. Há de ter alguma coisa nesse meio de caminho! Não é possível que a gente tenha pra sempre que escolher entre botas e pés descalços. Ninguém aí tem um chinelo?
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Hiato

Com olhos que me afogam
ele invade o seu espaço,
ele inunda o seu espelho,
e confunde o meu abraço.
Durou só um segundo,
se é que aconteceu.
Mas congelou meu instante
Ver, cá da janela,
Que ele foi buscar o sol
E afundou demais no sal.
Doeu cá no meu desejo
e eu parei o seu sorriso.
Lá d'outro lado da janela
Onde a sua saudade nem vê
alguém se afogando transbordou.
Olha lá ele, entregue a Posêidon!
Secou-me os lábios num piscar de longe
E você? Puxou cortina e vidro
Sussurrou ali na porta da minh'alma
que ele agora já pertence a outra onda,
e eu não podia mesmo esse resgate.
Você ajusta o espelho caído, tranca a porta.
O tal do mundo além-janela é pra depois
Num silêncio, me sossega
Seus olhos me mergulham
E eu lembro: não sei nadar.
ele invade o seu espaço,
ele inunda o seu espelho,
e confunde o meu abraço.
Durou só um segundo,
se é que aconteceu.
Mas congelou meu instante
Ver, cá da janela,
Que ele foi buscar o sol
E afundou demais no sal.
Doeu cá no meu desejo
e eu parei o seu sorriso.
Lá d'outro lado da janela
Onde a sua saudade nem vê
alguém se afogando transbordou.
Olha lá ele, entregue a Posêidon!
Secou-me os lábios num piscar de longe
E você? Puxou cortina e vidro
Sussurrou ali na porta da minh'alma
que ele agora já pertence a outra onda,
e eu não podia mesmo esse resgate.
Você ajusta o espelho caído, tranca a porta.
O tal do mundo além-janela é pra depois
Num silêncio, me sossega
Seus olhos me mergulham
E eu lembro: não sei nadar.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Desembolou?

Quando vem o grito, não é como se você tivesse escolha: são os mais próximos que vão te segurar firme e talvez o seu braço direito esteja com quem menos esperava, com alguém que estava ali do lado e você não tinha nem visto. E aí as pessoas se entrelaçam pela sua vida afora entre "ais" e gargalhadas, muitas vezes sem pedir a mínima licença... No máximo, quando querem fazer uma estripolia e pôr um pedaço da roda de pernas pro ar elas avisam "dá um espaço aí".
Sempre vai ter um engraçadinho pra chutar as estruturas e um desesperado pra afogar no raso. E quem é que nunca precisou entrar na dança pra não engolir seu tanto d'água também? No meio da confusão de abraços, de quase-beijos ou rasteiras, aquele rosto sorrindo sumiu de perto e aaaai, olha ali um pedacinho seu indo junto com as maluquices de outro!
"Eeei, me espera! Isso me pertence!! Páaaara com isso senão vai quebrar, caramba!"
Uns vão tentar pular fora pra escapar à confusão mas alguém vai mergulhar no emaranhado de gotas e embolar tudo de novo, alguém vai preferir o aconchego de um abraço esbarrado a esperar de braços soltos na água fria. Às vezes dói de verdade e a gente diz "sérioo, pára com isso"... mas como de outras vezes não é sério e nunca dá pra todo mundo ouvir todos os gritos, a roda não pára de girar, nem quando é sério, nem quando tá doendo de verdade.
Mas no fim das contas, o que acontece é uma explosão de gargalhadas. Devagar, recuperam-se os pedaços que tinham ficado embolados e, se os sorrisos forem muito gostosos, a lembrança de dor vai ficando leve até sumir. Aí a gente se solta ou se abraça com mais calma, talvez com mudança de lugar e tudo... só que tem aquelas coisas que nunca mudam. Depois que você toma um ar, alguém resolve entrar na brincadeira outra vez: e quando vem o grito, você já não tem escolha...
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Que bom!
Só pra poder dormir. Apenas por esse motivo. Quero dizer... me sentirei melhor escrevendo, de qualquer forma.
Hoje eu fiz nada em casa além de estar no computador, apreciar um pouco de TV e dormir ao ar-condicionado, antes de sair com os amigos. Foi nesse último ato que surgiu a calma. Uma calma atordoada pela inveja dos casais ali presentes, uma vez que eu ando carente. Sim, eu ando carente. Mas não se preocupem , pois a tal calma com uma pitada de inveja era boa, ao menos pra mim.
A saída acabou-se e vim pra casa. Aqui eu descobri que o mundo solitário em que vivo nem anda tão desabitado assim. Foi aí que eu fiquei calmo e feliz, muito feliz. Por dentro e por fora. E...ah! Estou com sono e já me sinto aliviado. Boa noite.
OBS: Foi só pra poder dormir. Apenas por esse motivo.
Mau
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Ajustes
São exatas 01:43 horas da madrugada e meu cérebro continua em harmonia com meus neurônios. Tudo em perfeita ligação e controle absoluto. OPA! Acho que nem tudo.
Acabei de sentir um puxão no meu lado esquerdo e um pouco pro sul da região cardiovascular. Explicação tecnica, não? Curioso. A questão é que aquele, aquele sentimento lá do fundo, do fundo mais profundo se encontra desajustado. Desajustado de um modo tão confuso quanto a minha explicação dada à cima. E é ai que se encontra o problema.
Conversando com duas pessoas percebi tamanho amor que não sinto a mim mesmo e por consequencia o fiz menos ainda. Ao contrário. Me odiei mais e mais até que tive que parar. Parei e não pensei mais. Não pensei nunca mais.
O mundo gira independente das pessoas. Mas a vida não gira em torno de sí mesma.
Mau
Acabei de sentir um puxão no meu lado esquerdo e um pouco pro sul da região cardiovascular. Explicação tecnica, não? Curioso. A questão é que aquele, aquele sentimento lá do fundo, do fundo mais profundo se encontra desajustado. Desajustado de um modo tão confuso quanto a minha explicação dada à cima. E é ai que se encontra o problema.
Conversando com duas pessoas percebi tamanho amor que não sinto a mim mesmo e por consequencia o fiz menos ainda. Ao contrário. Me odiei mais e mais até que tive que parar. Parei e não pensei mais. Não pensei nunca mais.
O mundo gira independente das pessoas. Mas a vida não gira em torno de sí mesma.
Mau
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