Infantil? Pode ser. Eu e as minhas palavras que não sabem sair pela boca e ficam escorregando pelas mãos, ficam tremendo nos dedos, loucas pra te pedir que espere, pra te dizer que eu queria um minuto, que eu queria te embrulhar paz de presente e depois ir embora e parar de incomodar de qualquer jeito que fosse. Que eu queria mesmo era te sorrir de novo, beber um suco de laranja e falar de quaisquer flores.
Eu, que também tropeço nas regras e não sei se deveria só cultuar o silêncio, eu que não passo um dia sem responder quando esse seu olhar me interroga. E que talvez tenha errado no jeito, tenha descumprido alguma promessa esquecida ou mal entendida em algum tempo bonito que ficou pra trás.
Só queria que você soubesse que eu não tô pensando em erros, que ninguém precisa medir culpas e... sabe aquele azul, aquela noite de presente, aqueles ares de suspiros? Esses eu sei onde guardo, eu sei que me guardam pro resto da vida, pelas vidas afora, que eu não sei e nem quero esquecer cada instante de um conto tão bonito. Só queria que você ouvisse que o meu filho ainda vai estudar na sua escola e aprender da sua História e dos seus sonhos coloridos de menino, das suas conquistas de guerreiro, das suas vitórias merecidas.
E que eu não tô fugindo de mim, nem de você e nem me importa nenhuma daquelas acusações assustadoras que me fizeram em verões passados. Eu não tento mais, nunca mais, acreditar na lenda do monstro, eu parei de procurar as dúvidas e escolhi outras memórias tão melhores de guardar.
Se a minha mão se soltou, não foi de birra, não foi de pirraça e eu queria tanto que você soubesse que eu te gosto, que eu me cuido e que despedida é sempre dolorido mesmo quando já passou da hora de ir. Gente que cultiva ternura comigo e entra na roda de humanizar as loucuras não me desgruda da alma nunca mais mesmo que passe. Passou. Mas não era pra ser assim e eu não sei dizer nem desdizer direito. Esquecer? Temer? Não tem nada a ver com nada disso. Só enquanto eu respirar... (é, isso vale mesmo até o tal do sempre)
Afinal de contas não é todo dia que a gente encontra quem pule apesar do medo de altura!
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