Dias em que a vontade é de ignorar todas as recomendações e ficar bem ali também, pequena e quieta. Agarrada no portão, de olhos grudados na rua, esperando um carro conhecido aparecer.
Vontade de pausar o agora pra poder organizar o antes e o depois que ficam zanzando entre os pensamentos, de ignorar a correria e o barulho que voam bem ali, nas costas. E deixar a lição de casa pra um depois que seja antes do boletim ou do próximo ano, mas que aguente pelo menos esperar a hora do lanche.
Dias em que dá medo e quem sabe angústia, apesar de ser palavra difícil pra essa hora de criança.
Mas aí, bem nessa hora em que eu me deixo escorregar nas vontades por dois segundos ou quem sabe três... Uma voz familiar aparece camuflada de sussurro ou gargalhada, e traz de volta - ou pelo menos até o meio do caminho - pro tal portão em que "na vida real" um carro conhecido não vai aparecer. É que a gente sempre pode fazer de conta...
Finge que alguém vem me buscar. Aí a vozinha me resgata lá naquele segundo de quase-lágrima:
"Vem brincar com a gente que a mamãe chega mais rápido!"
Um comentário:
Longe é um lugar que não existe. Posso eu ir encontrar com alguém, quando já estou lá? Estou sempre com você meu amor.
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