Era um outro tempo. E a gente media as distâncias de um jeito muito outro e muito cheio dos nossos pedaços e manias. Era assim:
A casa da vó ficava num lugar chamado interior que era a um sono pequeno de distância. Só o tempo de dormir com calor e acordar com frio, resmungando a coberta;
Mas na casa dos tios, eles falavam que a nossa casa é que era o interior. Eles moravam num lugar que era longe e grande. Longe significava muitos cds de distância que a gente ouvia no carro e grande era porque não dava pra ir pra lugar nenhum de bicicleta;
A piscina media n cambalhotas por x bananeiras. (Claro que quando era a amiga grande, parece que a piscina ficava muitas piruetas menore que depois de um tempo, quase não cabia pirueta nenhuma e não era a piscina que tinha encolhido);
A tia ficava num longe que até os adultos achavam muito: era vários cartões postais pra lá que ela enchia de saudade e mandava com fotos bonitas. Escrevia até que tinha neve, parecendo de filme!
Depois de um tempo, a escola ensinou as medidas "de verdade". E a mãe ensinou as histórias dos pássaros e deu um anel de presente: "Longe é um lugar que não existe", ela dizia quase em segredo pondo-me o anel no dedo.
Agora o pai pode falar em quilômetros quando formos viajar, até porque há mp3 e não dá mais pra contar quantos cds. Mas ainda é tão mais divertido medir os caminhos em árvores ou os parques em borboletas!
900 km depois, eu sou obrigada a acreditar nos pássaros e no meu antigo anel: longe não existe. E daqui dos 15 graus de gelo, me agarrando naquele seu abraço quente, eu finjo que conto semanas mas sei em segredo que o seu sorriso está só a uma noite de sono, um sonho de distância.
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