domingo, 18 de abril de 2010

De chinelos, tapetes e olhares

Incrível como essa história de fronteiras acelera os movimentos de rotação. Na verdade, os mundos viraram mais algumas cambalhotas e nesse meio tempo, eu achei algumas coisas mais interessantes do que os chinelos que ninguém quis emprestar...
A gente precisa de um dia inteiro de salão e correria, de cabelos e maquiagens pra perceber que o melhor da festa era na mesa das crianças e na pista de dança lotada. Aí, depois de todo aquele desespero e aquele trabalho com o secador, o esmalte, a manicure que não tem horário e o vestido que - acredita quem quiser - ainda serve! não dá mais pra ficar em pé naquele salto chato e não existe nenhum porque pra ter doloridos centímetros a mais.
Danem-se os jornais de amanhã e as regras de etiqueta, elas são tão de ontem: as sandálias voam pra debaixo da toalha e a bolsa fica largada em cima da mesa. Afinal, qual era a graça de toda essa preparação pra ficar horas sentada na mesa de jantar? Eu vou à dança, com licença! E descobri que não precisava de tanto desespero com os caminhos e as flores porque chega uma hora em que até as bolhas mudam de cor. Toma aqui a minha mão, que eu já te vi antes aqui desse lado, vem passear comigo nesse meio-de-caminho, nesse caminho-do-meio que a gente pode até por um pé de cada lado quando der muita saudade de alguma cor antiga.
E os olhos que não riem, escandalizam-se: "pés no chão? Mas e toda essa sujeira, e os cacos de vidro? Eu não desço daqui por medo de me cortar!". E enquanto eu rio e desvio dos cacos, elas sangram sob as correias da sandália, com bolhas mil estragando o ritmo da música e a graça da noite. Fico com meu risco, que nesse caso é mais seguro.
Fico com esse meio de caminho que de repente eu descobri tão meu e tão gostoso. Entre o liso e o enrolado, entre elegante e desarrumada, com preguiça de tantos cremes e a mão ainda sem rachaduras. Chega de brigar com as fadas e as fantasias, entre a grama e o asfalto a gente senta no tapete até resolver pra onde vai, a gente vai voando nele mesmo pra sentir qualquer coisa de cada lado. E que tudo se esbarre ou se recuse, a minha alma eu já achei aqui, a minha pele eu vesti de poros desse quase que agora é a meu favor.
As ideias ainda tropeçam e gargalham, confundem-se nos espelhos e nas quedas. E eu peço desculpas pelos embaralhamentos: é que eu achei uns alguéns perdidos nos meus relógios e recolhi mais uns pedaços de sorriso daquela tal poesia perdida. De repente, tem um lugar lindo depois da loucura: e ele nunca não-foi, os olhos é que são novos!

Um comentário:

Alex Bretas disse...

Olha que engraçado. Andei descobrindo alguéns no meio do caminho dessa minha vida também.. E claro que elas constantemente acrescentam e modificam meu curso, frequentemente pra melhor xD

ahh, o menino advérbio xD

e, sim, respeite a pluralidade interpretativa. hahah

quero voar nesse tapete com vc. como é bom ter esse desejo realizado xD

branca, a menina complexa xD

uHAUHAa

beijooo!