Ela ri de mim, mas é com ternura. Os cabelos de são mais de pôr-do-sol do que de fogo mas isso também pode ser desvio do meu olhar, suspeito. Quero voltar pro sonho, esquecer da hora e afogar nas cobertas mas o dia lá fora tá tão bonito! As palavras não conseguem acompanhar a velocidade dos batimentos e haja cérebro pra tanto coração...
Com olhos de espelho, ela me cochicha uma vontade louca e desenfreada de escrever, de pintar, de sair pra colher poesia no jardim do vizinho ou rodar o mundo de bicicleta. E nada falha, porque eu levanto apesar da vontade de mais feriado, e se desnorteio não é de agonia nem de tédio, é que talvez essa coleção de céus deixe a gente suspenso em alguma daquelas dimensões insanas do êxtase. A vontade de sol não é menor do que a de lua ou de sofá... De repente, tudo é conquista! Do filme em francês ao trabalho novo, das crianças à poesia portuguesa. E até o fim do mundo pode ser uma boa descoberta.
"Às vezes a gente precisa aprender a desexistir, que é pra poder existir melhor depois"
O vestido florido, as tranças de flor-de-Lis. Acho que sei seu nome! Eu adivinho em mim a sua gargalhada colorida e a sua lista de coisas lindas crescente, pedaços de poesia constroem todo o seu corpo e ela me protege da saudade.
O pontinho roxo parece acompanhar os batimentos acelerados... E o tom de azul no céu confirma o que eu aprendi há tanto tempo "Longe é um lugar que não existe". Passo o dia voando planos, distribuindo abraços, catando pedaços de bonitezas pra enfeitar os meus passeios e as minhas aulas. O sonho continua ali, do outro lado da rua: e por que não atravessar?
Costurada de vontades, de saudades e euforias, ela me vigia o sono e me defende dos fantasmas.
Com toda essa candura, como podia ser laranja-fogo?
As fitinhas na ponta das tranças... ela anuncia os meus planos da semana que vem e os da próxima década. Uma coleção delas! E outra de cheiro de borboletas
"Et on se prend la main, comme des enfants
Le bonheure aux lèvres un peu naivement
Et on marche ensemble d'un pas décidé
alors que nos têtes nos crient de tout arrêter"
(Comme des Enfants -Coeur de Pirate)
Ufa, que esses meios e caminhos são poderosos! E eu me fantasio inteira desses panos e planos, viro lágrima, boneca e palhaço... ponto de interrogação.
Por que tão confuso? Pra dar a graça
(ou talvez pelo mesmo motivo do laranja nao ser fogo... esse tal de olhar apaixonado é danado de por mel nas coisas que a gente acha!)
segunda-feira, 26 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
E eu me obrigo a ir dormir
Com os seus olhos já me vigiando, impacientes, de dentro do sonho.
um poema, um conto e uma declaração ficam esperando nas pontas dos dedos
Mas hoje já não dá. Eu tenho um encontro marcado com você, outro com o sol
Ele vai despontar bem ali daquela janela... pra me dizer que já posso começar de novo
a fazer mil planos pra cada um desses segundos, uns até pra eu nunca cumprir. a Lua me prometeu que logo logo é de verdade e eu quero demais pra desacreditar dela.
um poema, um conto e uma declaração ficam esperando nas pontas dos dedos
Mas hoje já não dá. Eu tenho um encontro marcado com você, outro com o sol
Ele vai despontar bem ali daquela janela... pra me dizer que já posso começar de novo
a fazer mil planos pra cada um desses segundos, uns até pra eu nunca cumprir. a Lua me prometeu que logo logo é de verdade e eu quero demais pra desacreditar dela.
domingo, 18 de abril de 2010
De chinelos, tapetes e olhares
Incrível como essa história de fronteiras acelera os movimentos de rotação. Na verdade, os mundos viraram mais algumas cambalhotas e nesse meio tempo, eu achei algumas coisas mais interessantes do que os chinelos que ninguém quis emprestar...
A gente precisa de um dia inteiro de salão e correria, de cabelos e maquiagens pra perceber que o melhor da festa era na mesa das crianças e na pista de dança lotada. Aí, depois de todo aquele desespero e aquele trabalho com o secador, o esmalte, a manicure que não tem horário e o vestido que - acredita quem quiser - ainda serve! não dá mais pra ficar em pé naquele salto chato e não existe nenhum porque pra ter doloridos centímetros a mais.
Danem-se os jornais de amanhã e as regras de etiqueta, elas são tão de ontem: as sandálias voam pra debaixo da toalha e a bolsa fica largada em cima da mesa. Afinal, qual era a graça de toda essa preparação pra ficar horas sentada na mesa de jantar? Eu vou à dança, com licença! E descobri que não precisava de tanto desespero com os caminhos e as flores porque chega uma hora em que até as bolhas mudam de cor. Toma aqui a minha mão, que eu já te vi antes aqui desse lado, vem passear comigo nesse meio-de-caminho, nesse caminho-do-meio que a gente pode até por um pé de cada lado quando der muita saudade de alguma cor antiga.
E os olhos que não riem, escandalizam-se: "pés no chão? Mas e toda essa sujeira, e os cacos de vidro? Eu não desço daqui por medo de me cortar!". E enquanto eu rio e desvio dos cacos, elas sangram sob as correias da sandália, com bolhas mil estragando o ritmo da música e a graça da noite. Fico com meu risco, que nesse caso é mais seguro.
Fico com esse meio de caminho que de repente eu descobri tão meu e tão gostoso. Entre o liso e o enrolado, entre elegante e desarrumada, com preguiça de tantos cremes e a mão ainda sem rachaduras. Chega de brigar com as fadas e as fantasias, entre a grama e o asfalto a gente senta no tapete até resolver pra onde vai, a gente vai voando nele mesmo pra sentir qualquer coisa de cada lado. E que tudo se esbarre ou se recuse, a minha alma eu já achei aqui, a minha pele eu vesti de poros desse quase que agora é a meu favor.
As ideias ainda tropeçam e gargalham, confundem-se nos espelhos e nas quedas. E eu peço desculpas pelos embaralhamentos: é que eu achei uns alguéns perdidos nos meus relógios e recolhi mais uns pedaços de sorriso daquela tal poesia perdida. De repente, tem um lugar lindo depois da loucura: e ele nunca não-foi, os olhos é que são novos!
A gente precisa de um dia inteiro de salão e correria, de cabelos e maquiagens pra perceber que o melhor da festa era na mesa das crianças e na pista de dança lotada. Aí, depois de todo aquele desespero e aquele trabalho com o secador, o esmalte, a manicure que não tem horário e o vestido que - acredita quem quiser - ainda serve! não dá mais pra ficar em pé naquele salto chato e não existe nenhum porque pra ter doloridos centímetros a mais.
Danem-se os jornais de amanhã e as regras de etiqueta, elas são tão de ontem: as sandálias voam pra debaixo da toalha e a bolsa fica largada em cima da mesa. Afinal, qual era a graça de toda essa preparação pra ficar horas sentada na mesa de jantar? Eu vou à dança, com licença! E descobri que não precisava de tanto desespero com os caminhos e as flores porque chega uma hora em que até as bolhas mudam de cor. Toma aqui a minha mão, que eu já te vi antes aqui desse lado, vem passear comigo nesse meio-de-caminho, nesse caminho-do-meio que a gente pode até por um pé de cada lado quando der muita saudade de alguma cor antiga.
E os olhos que não riem, escandalizam-se: "pés no chão? Mas e toda essa sujeira, e os cacos de vidro? Eu não desço daqui por medo de me cortar!". E enquanto eu rio e desvio dos cacos, elas sangram sob as correias da sandália, com bolhas mil estragando o ritmo da música e a graça da noite. Fico com meu risco, que nesse caso é mais seguro.
Fico com esse meio de caminho que de repente eu descobri tão meu e tão gostoso. Entre o liso e o enrolado, entre elegante e desarrumada, com preguiça de tantos cremes e a mão ainda sem rachaduras. Chega de brigar com as fadas e as fantasias, entre a grama e o asfalto a gente senta no tapete até resolver pra onde vai, a gente vai voando nele mesmo pra sentir qualquer coisa de cada lado. E que tudo se esbarre ou se recuse, a minha alma eu já achei aqui, a minha pele eu vesti de poros desse quase que agora é a meu favor.
As ideias ainda tropeçam e gargalham, confundem-se nos espelhos e nas quedas. E eu peço desculpas pelos embaralhamentos: é que eu achei uns alguéns perdidos nos meus relógios e recolhi mais uns pedaços de sorriso daquela tal poesia perdida. De repente, tem um lugar lindo depois da loucura: e ele nunca não-foi, os olhos é que são novos!
sexta-feira, 9 de abril de 2010
A menina que roubava palavras...
Quase rouba a cena com os seus olhos que leêm tudo.
E a gente fica tentando te ler de volta enquanto você silencia enigmas. A gente fica tentando ser texto e te enxergar do avesso porque esse olhar que nos atravessa tem qualquer coisa de muito intrigante, tem qualquer coisa que barra o passo à frente e, ao mesmo tempo, convida provocadora "chega mais perto? Não vai embora"
Tão calada, com esse ar de quem vive em algum meio de caminho, em alguma suspensão de dois mundos quase-um, quase iguais ao nosso... com só um quase de distância
Paro por aqui, em reforma. Até o Mau aparecer com o resto do texto. (Lembra?)
E a gente fica tentando te ler de volta enquanto você silencia enigmas. A gente fica tentando ser texto e te enxergar do avesso porque esse olhar que nos atravessa tem qualquer coisa de muito intrigante, tem qualquer coisa que barra o passo à frente e, ao mesmo tempo, convida provocadora "chega mais perto? Não vai embora"
Tão calada, com esse ar de quem vive em algum meio de caminho, em alguma suspensão de dois mundos quase-um, quase iguais ao nosso... com só um quase de distância
Paro por aqui, em reforma. Até o Mau aparecer com o resto do texto. (Lembra?)
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