Quando chegou a minha vez, tinha só uniforme e voz de sonho. Tinha, na verdade, um desejo qualquer e pueril de sentir de perto o cheiro daquele sorriso. E o livro pra ela autografar?
Não tinha livro. Tinha eu, menina, eufórica, de joelhos. Nem haver não havia. Tinha mesmo. Naqueles dois minutos, era ter, com sujeito. Dela o meu ajoelhar sem suplício, com êxtase só defronte a cadeira. Era dela e da poesia, mas era pessoal - por isso tinha sem haver.
"Me dá uma palavra?"
"Uma palavra?"
"É... eu queria pedir (e aí já tava pedido!)..."
Sem se aborrecer, ela foi digna do Asteróide B612 e ficou procurando o carneiro ou a caixa que ia me desenhar, bem séria.
"Uma só? Que difícil!"
Num pedaço de papel rasgado e muito mais dentro do brilho que ela deixou cair nos meus olhos,
eu trago um autógrafo lindo e dois dos presentes mais encantados que já recebi. Depois de muito pensar, ela deixou escorrer mais um sorriso que eu guardo dentro da caixa e tento ao mesmo tempo espalhar de novo:
amor e gentileza.
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