sexta-feira, 6 de agosto de 2010

instantâneo

Como se só você fosse capaz de ouvir
o meu silêncio nas madrugadas
Eu encho os outros ouvidos de meias verdades e risos nervosos.


A minha angústia não vê a hora de estourar

... E no entanto...

Ela não quer nenhuma escuta que não seja a sua.
Elas estão subindo pelas minhas paredes, as palavras
Porém, de unhas cravadas no dentro da pele


escorregam horas a fio, sem rumo nem porquê.

As letras tropeçam umas nas outras
até a beirada dos olhos.
Mas é só o bastante pra me queimar as pálpebras
e se embolarem de novo garganta adentro.

Elas me embrulham o estômago e lacram a alma.
Essas minhas palavras que se recusam
a tantas interrogações amigas,
tantas possibilidades.

Elas me imobilizam, sem me adormecer
Cruéis!
Imunes a todo carinho, a toda atenção
Esquivas

E aí vem você e respira
E suspira um segundo essa voz...
É quando elas vêm com força de cachoeira
de onda de mar que não vê nem navio
Eu transbordo alegrias, vontades e medos
Sem nem coragem de não-ser
ou desmentir o meu soluço

A minha confusão assim, lacrada.
Só até você chegar com esse sussurro
Que nem interessaria tanto
se não me convencesse
Que você existe

E que é só disso que eu preciso naquele momento.

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